Encontros imediatos

“Encontros imediatos” (IQA) e “intervenções” (IQA-intervenções) são dois dos termos mais importantes na teoria contemporânea. Ambos os termos referem-se à prática de se engajar em formas de interação socialmente necessárias, que requerem um nível mais alto de processamento cognitivo do que aquele envolvido em um contato direto mais mundano. As intervenções IQA são intervenções que envolvem algum nível de movimento corporal, seja físico ou emocional, realizadas como parte de uma campanha mais ampla para afetar a mudança. Uma abordagem mais direta é confrontar algo fisicamente. No caso de uma intervenção, isso envolve bloquear fisicamente o acesso ao ambiente de uma pessoa ou pessoa. A intervenção também pode incluir a ameaça de determinado comportamento (ou a ameaça de determinado comportamento) por meio de palavras ou ações dirigidas a essa pessoa, forçando-a a parar de fazer ou se comportar de maneiras que você desaprova.

Que diferenças existem nos encontros imediatos e outros encontros ?

Mas a principal diferença entre intervenções e encontros imediatos reside em seu foco na mudança de comportamento e nas diferentes maneiras como esses termos são usados. as intervenções estão longe de serem intervenções diretas na vida cotidiana: elas envolvem uma série de trocas relacionais envolvendo um grau maior de processo deliberativo e interativo do que no caso mais direto de violência doméstica. E é exatamente isso que o termo “encontro imediato” pretendia sugerir: não procuramos os olhos de nosso agressor, para bater nele de vez em quando e lhe ensinar uma lição sobre como bater em outras pessoas. Nós, como Bourriaud, procuramos nos envolver em interações diretas significativas e socialmente necessárias com o objeto de nosso desejo.

Quais são, então, os objetivos desse tipo de encontro direto? Eles são puramente instrumentais para criar uma mudança na vida de outras pessoas ou têm mais do que um objetivo utilitário em mente? Qual a diferença entre intervenções voltadas para educar, persuadir ou intimidar, como é o caso da violência doméstica, e aquelas voltadas para mudar a forma como vivemos o mundo por meio de nossas capacidades estéticas? No âmbito da nossa investigação sobre a relação entre cultura e vida quotidiana, procurámos estabelecer ligações entre este estilo de intervenção direta e o campo da educação estética. O que encontramos?

Onde posso saber mais sobre encontros ?

Um excelente lugar para começar a compreender a relação entre a educação estética e a mudança social está na história das artes visuais humanas. Em particular, estudos sobre a relação entre arte e sociedade sugerem que o surgimento da mídia de massa, da cultura popular e das produções teatrais pode estar relacionado ao surgimento de comportamentos abusivos contra as mulheres. O que é que força alguns homens a infligir dor e sofrimento às mulheres? A resposta é simples: beleza física, que é definida pela capacidade de agradar o sexo oposto por meio da produção de artes visuais e cênicas, ao mesmo tempo que nega a importância das emoções, do senso de identidade e da integridade pessoal.

Sob essa luz, então, a noção de arte relacional parece bem adequada para a compreensão do comportamento abusivo contra mulheres e meninas. O que descobrimos emergir de nossa pesquisa é a importância de compreender como e por que esses confrontos ocorrem. É porque escolhemos não ver o poder e a beleza de nossas capacidades corporais à medida que surgem na ordem natural dos eventos? Ou será que optamos por acreditar que nossos corpos são “meras” coisas?

A obra de Noam bourriaud, em seu influente livro The Wounded Healer, oferece uma resposta complexa a essas perguntas. Ele afirma que, embora seja um mero objeto de desejo, uma mulher bonita também pode ser um ser humano danificado, com todas as complexidades e feridas que isso implica. Embora as caracterizações de “uma mulher” na literatura européia inicial sejam muito diferentes (vasil, imperfeita, feia, sexualizada), surge um tema que expressa e critica a própria natureza do gênero como era então entendido. Embora o assunto do Curandeiro Ferido trate principalmente dos aspectos médicos do tratamento de feridas e da capacidade do corpo de se curar, a ideia de que a beleza não poderia ser corrompida nem contaminada pelo contato com os objetos de desejo que a tocaram era nova, e Noam O texto de Bourriaud permanece um farol no campo da teoria estética hoje.

Encontros imediatos acontecem mesmo ?

Como vimos, a relação entre o desejo estético e a capacidade de se conectar com os outros era antiga. Somente em sua versão renovada como base de uma ciência humana podemos compreender seu verdadeiro valor como uma força de mudança social. A crítica de arte é um gênero em que cada autor oferece uma interpretação única do mundo, mas todos eles contribuem para o entendimento comum de como o mundo funciona. Dessa forma, cada crítico de arte serve como elo entre o público e os artistas que o criam. Embora os críticos possam divergir sobre o que se qualifica como arte, todos compartilham o compromisso com a importância de fazer as pessoas comuns sentirem que sua experiência no mundo é válida porque é validada pelos olhos de outras pessoas.

Embora ele discordasse de Bourriaud em muitos aspectos (como sua crença de que o julgamento estético deveria substituir o julgamento ético), os críticos encontraram um terreno comum em vários pontos-chave. Eles concordam que a intimidade emocional e as conexões interpessoais são os componentes-chave de qualquer obra de arte significativa, independentemente da forma. Da mesma forma, eles concordam que a mudança social genuína vem do esforço e da ação consciente por parte dos indivíduos. Para tanto, o aspecto mais dinâmico da arte – a interatividade com outros humanos e o impacto social da estética – foi sublinhado pelo filósofo Immanuel Kant e pelo filósofo britânico Bertrand Russell.

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